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quarta-feira, 24 de junho de 2009

Sharpe em Trafalgar II

ATENÇÃO: SPOILER ABAIXO


Bom... depois do aviso, posso botar pra fora tudo o que me atormentou nos livros de Sharpe até agora.

Vamos começar pelo primeiro livro, O Tigre de Sharpe. Por ser o primeiro livro de uma série razoavelmente longa, eu não esperava grandes coisas, pelo menos não com relação a profundidade de personagens. E o livro me surpreendeu, mostrando um soldado Sharpe violento e brutal mas inteligente e leal ao exército, com muitas nuances para uma primeira história. Os personagens secundários também foram bem aproveitados na trama, e a história em si é muito boa e prende o leitor.

Como era de se esperar num livro introdutório, há personagens mais simples, como o sargento Hakeswill (se eu errar nomes de personagens secundários me perdoem, sou péssima pra lembrar nomes) que é simplesmente uma pessoa ruim (mas que tem uma história interessante de sobrevivência à forca - e que seria mais interessante se não fosse repetida tantas vezes) e o coronel escocês McCandless (esse eu provavelmente errei a grafia) que é simplesmente uma pessoa boa.

O final também é bem emocionante e você torce pelo herói até o fim, já sabendo que tudo daria certo, afinal, tem mais livros pra ler, né?


Aí veio o segundo livro, O Triunfo de Sharpe. Por que, oh meu deus, por que o Bernard Cornwell resolveu começar a ressucitar personagens? Era muito melhor o Haskewill ter morrido de verdade no final do primeiro livro, porque ele voltou como um personagem mais simplório ainda. Ao invés de aproveitar a volta do arquiinimigo do Sharpe para aprofundá-lo, não, Cornwell resolveu deixar o cara mais tacanho ainda. Uma falta de criatividade tremenda... que dura até o final do terceiro livro, numa tortura terrível para o leitor.

Assim, o segundo livro é chato em termos de personagens (as batalhas continuam maravilhosamente descritas), entra mais um malvadão na história, o renegado William Dodd, que é chato de doer, mas que pelo menos tem um chefe interessante, cujo nome me escapa no momento. Não aguento essa história de bonzinho e malvadão, me dá nos nervos.

E para piorar, parece que Sharpe vai desaprendendo algumas coisas no caminho, pois se ele parecia tão inteligente no primeiro livro, aqui não é tão brilhante. Mas não se preocupe, no terceiro livro ele fica mais burro, só se recuperando no final.

Num final praticamente idêntico ao do primeiro livro, Sharpe "mata" novamente Haskewill (sim ele volta de novo) e pelo menos o coronel McCandless morre para deixar o próximo volume mais interessante.


Ok, chegamos no terceiro volume, A Fortaleza de Sharpe, o auge da chatice. Haskewill está de volta, de novo, para torturar leitores inocentes, Dodd fica mais raso ainda, e Sharpe está irreconhecível como oficial. Sério, acho que o cérebro do pobre personagem principal ficava no seu mosquete, quando trocaram por uma espada ele ficou burro. Só pode ser isso. O coitado anda tão mal da cabeça que quando ele tem uma idéia brilhante e ousada, lá no final do livro, parece que ele não seria capaz disso, o que é uma injustiça visto o que ele fez no primeiro volume.
Enfim, o livro tem uma história arrastada, com reviravoltas previsíveis e no estilo deus ex machina. A única coisa boa é que, graças a deus, os personagens malvadões vão pro saco. De vez. Espero com fé.


Chega o quarto livro, Sharpe em Trafalgar. Eu já estava meio de saco cheio, confesso, mas não desisti e comecei a ler. Ainda bem que não desisti, pois parece que o nosso amado personagem do primeiro livro resolve voltar a encarnar no soldado Sharpe. Tenho uma teoria de que a mudança de ares, saindo da Índia para o alto mar fez bem a Cornwell, o excesso de temperos indianos deve ter alterado temporariamente o cérebro do autor, porque é só ele voltar para terreno inglês (mesmo que um navio) para a história andar melhor.

Infelizmente ainda temos personagens malvadões, e a bola da vez é Sir William, mas pelo menos tem outros personagens cinzentos para compensar o preto e branco que Cornwell gostou de botar na série. Ah, e o personagem bonzinho da vez é Chase, e a mulher da vez é Grace, esposa do malvadão. Ah, sim, Sharpe é o maior pegador, cada vez é uma mulher diferente... mas dessa vez é paixão mesmo, daquelas bem mela cueca, com direito a salvamento da dama de uma tentativa de estupro e tudo o mais. Mas pelo menos a história é melhor... ou a ambientação... porque se parar para pensar é muito cliché junto... e no final, sério, porque diabos a Grace sobreviveu??? Só para eles terem um romance impossível depois???


Ainda bem que no quinto livro (A Presa de Sharpe) ela já começa morta. Mas não gostei de ver o Sharpe choramingando mais da metade do livro (falta só 1/4 para eu terminar!!!), ele me parecia durão demais pra isso... é, os brutos também amam. Pelo menos até agora o quinto livro é o melhor deles. Mais detalhes quando eu terminá-lo, ok?

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