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segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

50 tons de cinza


SPOILER FREE (KIND OF)

Eu sei que me adiantei no tema de livros com cores no título, mas eu precisava de uma distração no trabalho (estava muito estressante) e eu tinha o livro em pdf... já viu, né? Por mais que tenham me falado para ficar longe dele eu não resisti à tentação e li.

E rapidamente eu entendi porque tinham me dito diversas vezes para ficar longe desse livro. Ele é tão ruim, mas tão ruim que eu não sei bem nem por onde começar essa resenha. Não sei se começo pelos diversos drinking games que descobri que podem ser jogados durante a leitura, garantindo um porre de tal tamanho que a experiência fique menos dolorosa, ou se é pela esquizofrenia da personagem principal, ou se é pela pobreza da história.

Acho que vou começar dizendo como o livro é IGUAL a Crepúsculo. Sério, é igual mesmo! Troque  vampiro por rico que curte BDSM, lobisomem indígena norte-americano por fotógrafo latino-americano e as consequentes adaptações e você terá exatamente a mesma história, com direito a cenas exatamente iguais. Aí você acrescenta sexo com alguma pimenta de BDSM (nada muito diferente não, as coisas mais "exóticas" são apenas mencionadas mas não testadas pela/na personagem) e você tem "50 tons de cinza".

O pior é que o sexo não é nem tão legal nem tão apimentado assim, Anaïs Nin, que nasceu lá no início do século XX, tem livros muito mais interessantes nesse sentido. Além, é claro, de "50 tons" ser piorado pelo vocabulário limitadíssimo da autora, que só sabe descrever um pênis de uma forma.

Ah, sim, aí chegamos nos drinking games! O livro é tão repetitivo (novamente igual a Crepúsculo), que você pode fazer diversos joguinhos para encher a cara! Se a cada vez que você ler a expressão "Oh, my" (algo como "ó, meu deus" em português) você tomar uma dose, você não chega no final de capítulo nenhum em pé! Garantido! Porque E.L.James usa "Oh, my" para tudo! Daí você tem a segunda expressão mais recorrente "that's so hot" (algo como "isso é tão excitante"), que é praticamente o segundo nome de Christian Grey, e a única forma que a autora encontrou para descrever tudo o que ele faz, além da sua aparência, é claro. E, essa é uma pérola, "that's so unexpected" ("isso é tão inesperado"), que a personagem principal, Ana, cisma em repetir toda vez que algo óbvio acontece. E claro, nós temos os combos!!!! "Oh, my, that's so hot"; "That's so unexpected, and hot", e a melhor de todas: "Oh, my, that's so hot and unexpected"! E eu certamente estou esquecendo de mais alguma expressão... enfim, não falta diversão etílica no livro.

Mas deixando esse detalhe de lado, a história podia ser interessante, mas não é. É mais uma história de uma menina virgem que se acha a pessoa mais feia, deselegante e indesejável do mundo, quando na verdade ela é gostosa. Ah, e ela tem uma auto-estima tão baixa que por mais que o cara diga pra ela o quanto ele gosta dela ela só consegue entender que ele quer fazer sexo com ela só porque sim. Porque convenhamos, se ela parasse um segundo para pensar, teria chegado a conclusão que ele certamente já teria mudado de mulher-objeto pra fazer sexo, porque ela não é nada daquilo que ele diz pra ela que ele espera. E mesmo assim ele quer ficar com ela! E ela acha que é por causa do sexo. Ahãm. Enfim, ela não é uma pessoa brilhante nesse aspecto. Mas mesmo assim o cara mais lindo e rico do planeta se apaixona por ela.

E já que estamos falando da Anastasia (ou Ana), vamos aproveitar e falar sobre esquizofrenia! Alguém tinha que explicar para ela a definição de subconsciente. Veja bem, você não vê ou bate-papo com o seu subconsciente! O dela é uma entidade completamente separada dela mesma, usa até óculos e se esconde atrás dos sofás na casa dos outros. Sério. Para mim isso é esquizofrenia, e no caso da Ana é grave, pois ela não só vê, conversa e interage com o seu Subconsciente (uma menina muito certinha que usa óculos de leitura), como ela também vê, conversa e interage com outra entidade: a Deusa Interior (não sei como ficou na tradução para o português, mas em inglês é "inner goddess"), que é uma atleta e acrobata viciada em sexo.

Enfim, me senti lendo uma mistura de pornô de quinta categoria com "Uma Mente Brilhante", só que ainda por cima mal feita, porque não se salva nem a parte da esquizofrenia.

Nota 2. Porque explica para os leigos o básico do que é BDSM.

8 comentários:

  1. estou rindo direto! adorei tua resenha. Não li o livro e já não tinha gostado mas tua resenha conseguiu me deixar feliz com um livro ruim. Adorei o jogo dos drinques! beijos

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  2. Ah, nem por curiosidade mórbida, eu me poupo dessas coisas... Boa sorte aí com os outros dois.
    :-*

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  3. Esse livro é tão ruim, tão ruim, que eu não consegui terminar de ler a resenha (nada contra vc Laurita). Eu tentei dar uma chance lendo a sua resenha já q te considero uma pessoa inteligente e como alguém sempre me vem com conversas sobre esse livro e eu tento não ser desagradável (já que nem li), dei a chance..mas não deu. O livro realmente é um fenômeno, só que ruim! rsrs

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    1. Eu entendo Lívia, eu entendo... obrigada pela parte que me toca ;-)
      Prometo que a próxima resenha será sobre um livro bom!

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  4. Não tenho dúvidas de que o pior da literatura (?) anglófona seja tão badalada pelo lobby literário, se o que é bom (como Shakespeare, Twain, Milton...) é endeusado, que dirá o que lhes dá lucro atualmente.
    Eu fico de fora, só lamentando.
    _Beijos.

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  5. Sabe, eu queria entender porque esse livro fez tanto sucesso.

    Estava até disposta a lê-lo para tentar entender (baixei o pdf também, comprá-lo já era demais.. hahaha). Mas ai eu dei uma "folheada", devo ter lido uns três parágrafos e confesso que minha disposição sumiu..

    Depois de ler tua resenha, acho que fiz uma boa escolha de não ter lido! :p

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