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terça-feira, 21 de maio de 2013

O apanhador no campo de centeio



SPOILER FREE

Depois da chatice e morosidade de Madame Bovary, o livro seguinte do Desafio Literário com o tema livros citados em filmes, "O apanhador no campo de centeio" (citado em diversos filmes, entre eles "Teoria da Conspiração") veio como uma lufada de ar fresco! Considerado um clássico americano, o livro tem um ar extremamente jovem, apesar de retratar um adolescente nos anos 50. O autor de poucos livros J.D.Salinger simplesmente captou a essência da aborrescência no auge da sua irritabilidade com o mundo, e a loucura dos picos hormonais que fazem do adolescente aquele ser tão inconstante.

Infelizmente li uma edição traduzida, e fiquei com a sensação de que no original a linguagem é mais chula e pesada do que a versão nacional. Na verdade torço para que o original seja assim, pois tornaria o texto ainda mais próximo da realidade.

O livro narra dois ou três dias na vida do adolescente Holden Caulfield, um rebelde sem causa que vive às voltas com o seu próprio desprezo pelo mundo e pelas pessoas em geral. É o próprio Holden que nos conta a sua história, incorporando na narrativa as suas impressões e ideias do que acontece à sua volta e suas impressões sobre as pessoas que ele encontra, seus medos, aspirações e o que mais der na telha da sua cabeça adolescente ligada em 220 volts. Inconstante e irritadiço ao extremo, Holden procura algo que não sabe bem o que é, só sabe que não está nos padrões sociais que o cercam. E nessa busca, ele acaba por se meter em algumas enrascadas e metendo os pés pelas mãos diversas vezes, como todo adolescente.

É o tipo de livro que realmente cativa quem tem entre 12 e 18 anos, altamente recomendável para essa faixa etária (ou não, vai que dá ideia), ou para quem quer entender ou relembrar como foi essa fase tão turbulenta da vida.

Nota 9.


2 comentários:

  1. Pelo muito que falam, tem-se a impressão que a adolescência é, necessariamente, uma fase de "rebeldes sem causa", não é verdade. Não somente em mim, como na maioria de meus amigos e vizinhos, nesta época, não observei isso. É uma fase de contestação às autoridades estabelecidas, sem dúvida, principalmente aos pais, mas isso não implica um desregramento total. Como a literatura enfoca, geralmente, tipos esdrúxulos, conspícuos e excepcionais, contribui para que se pense que a exceção é a regra. Não recomendo obras como essa, embora não o tenha lido. Acredito que não estou perdendo grande coisa.
    Beijos.

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  2. A primeira vez que ouvi falar sobre o livro foi em uma aula de esquizofrenia. O palestrante (autor do blog "Fluxo do Pensamento") ao falar sobre o "trema", ou "humor delirante", que é um período que antecede o delírio, citou o livro como a mais perfeita descrição de um período assim. Se lido com essa informação, o livro, que é excelente, torna-se ainda mais interessante. É possível ver a "estranheza do mundo" apresentada pelo protagonista, bem como momentos de ambivalência e outras tantas manifestações psicopatológicas...

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