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segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Shalimar, o equilibrista


SPOILER FREE

Depois de ler mais uma história horripilante sobre a pobreza extrema (que gera medidas extremas) no interior do Egito, resolvi continuar pelo Oriente Médio e ler o fabuloso escritor Salman Rushdie. E se eu tinha achado que "God dies by the Nile" não era vingativo o suficiente, Shalimar o Equilibrista supriu a cota necessária de vingança, com direito a tramas de longo prazo para se chegar a ela, justificando plenamente o ditado do prato frio e se encaixando perfeitamente no tema do Desafio Literário desse mês.

Bem ao estilo do seu autor, que é um cidadão do mundo, a história se passa em diversos países, desde a Europa da Segunda Guerra Mundial, passando pela luta entre Paquistão e Índia pela Caxemira e chegando até aos Estados Unidos nos anos 80, 90. E para ilustrar bem o caminho que levou Shalimar e India a se cruzarem, o autor desfia a história de 3 gerações de suas respectivas famílias, onde todos os personagens são absolutamente fascinantes, desde a espiã que conseguiu fugir diversas vezes dos nazistas até o chefe de uma aldeia perdida no alto das montanhas da Caxemira.

Os personagens são tão bem montados e tão realistas que em diversos momentos eu perdi completamente a noção do que poderia ser ficção ou realidade nos fatos históricos narrados pelo autor. E se alguém me perguntar sobre a guerra pela Caxemira confesso que só saberei falar sobre o que li nesse livro, com direito a todos os seus personagens fictícios.

E no meio de toda essas guerras e lutas por poder que atravessam os mares e os séculos, o amor surge apenas para causar mais conflitos (claro), incidentes internacionais (para temperar) e a ilusão de que um dia as coisas podem melhorar, quando na verdade as grandes traições nunca serão perdoadas, e serão motivadoras de vinganças horríveis.

Dito isso tudo, posso completar dizendo que o livro é absolutamente eletrizante, e quando ele não é deliciosamente romântico é cruelmente macabro (e realista, o que pode ser pior se você parar para pensar muito). A leitura é dinâmica e as viagens pelo tempo, através da narrativa sobre cada personagem, tão estimulante que você nem liga quando uma história é interrompida para ser retomada apenas mais à frente.

Mas o final... pois é, ainda não decidi se gostei ou odiei o final do livro. Ele é genial, e ao mesmo tempo horrível para o leitor que não gosta de ambiguidades, e estou me sentindo muito dividida com relação a isso. O que de certa forma é bom, pois não consigo tirar o livro, o final e toda a sua história da cabeça, mesmo depois de ter lido e já ter começado outro livro.

Nota 10, apesar do final, para você ver como é boa literatura.

2 comentários:

  1. estava na dúvida se comprava ou não, vou na sua indicação, se não gostar mando a conta, rs. tem algum do Philip Roth pra indicar?

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    1. Vixi... nunca li nada do Philip Roth... vou ficar devendo essa indicação, mas o dinheiro do livro não, hein? rsrsrsrsrs

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